sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Reflexão sobre o Ver-SUS

O Ver-SUS chega ao fim deixando fortes marcas em mim, e acredito que em todo o grupo também. Tudo que vivemos foi maravilhoso, intenso e muito agregador. Sai do Rio de Janeiro com outro olhar voltado para a saúdee cada vez mais provocada a desbravar as falhas e as qualidades de nosso sistema. O contato com a população me fez não só ver a saúde, mas senti-la. Além de todo o aprendizado, levo comigo o forte sentimento de união que foi construído em nosso grupo, passando por momentos tanto exaustivos quanto prazerosos, fazendo crescer o sentimento da amizade. Aprendemos e acredito que ensinamos uns aos outros com nossas experiências e nossa convivência. Agradeço muito a oportunidade que me foi dada de participar deste projeto. Acredito que todos os alunos da Saúde Coletiva deveriam ter esta mesma oportunidade pois a experiência adquirida é de grande riqueza. Agradeço aos colegas que fizeram destas duas semanas inesquecíveis, sabendo rir nas horas mais difíceis. Com certeza levarei esta grande experiência não apenas na memória, mas também no coração.

Último Dia de Ver-SUS - 29/01/11

Finalmente chegamos no nosso último dia de Ver-SUS. Visitamos a Clínica da Família Olímpia Esteves e participamos da inauguração do observatório. Presenciamos a união dos funcionários nesta construção com belas homenagens e até mesmo com dança. 




Esta clínica se situa na zona oeste, próximo a primeira clínica que visitamos. O espaço segue os mesmos excelentes padrões das demais. A área é realmente muito quente e sendo totalmente necessário o investimento em refrigeração e outros meios de amenizar o calor.

Epi Info: 27 e 28/01/11

Na quinta e na sexta feira da nossa última semana no Rio de Janeiro, tivemos uma aula sobre Epi Info, na Prefeitura do Rio de Janeiro. Nos dividimos em duplas para usarmos os computadores do local e acompanharmos as explicações do professor Márcio Garcia. O Epi Info trata-se de um software voltado para a área de epidemiologia, uma área de grande importância na Saúde Coletiva. Neste software temos acesso a bancos de dados, georreferenciamento, propiciando o gerenciamento e análise destes dados. Sem dúvida o Epi Info é uma importante ferramenta, mas acredito que não somente eu, como também o restante da turma, não conseguiu tirar o máximo de proveito da atividade devido ao grande cansaço que já nos abate, afinal, são poucas horas de sono e atividades bastante intensas.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

UPA Rocinha + VD: 26/01/11

Este foi, sem dúvida, o melhor dia que tive em toda a viagem. O dia que mais aprendi, que mais senti, que mais vivenciei. A princípio achei que seria um dia tão produtivo e interessante como os outros anteriores, mas certamente minhas expectativas foram superadas de forma muito positiva. Fomos novamente até a Rocinha, vendo mais uma vez que o Rio de Janeiro é a cidade dos contrastes, saindo de bairros luxuosos e entrando diretamente na favela. Fomos até a sala de reunião do CAPS e conversamos sobre os trabalhos da Clínica da Família (anexada junto ao CAPS), sobre a importância da multidisciplinaridade, sobre os salários dos profissionais, entre outros pontos. Foi nos proposto então, que parte do grupo visitasse determinada área da Rocinha junto com o Agente de Saúde, que buscava novos cadastros. Como meu grupo ainda não havia feito visitas domiciliares, fomos escolhidos para seguir junto com o agente. O que vi lá, não pode ser expresso em palavras. Entramos em becos totalmente íngrimes, no qual subí-los era um verdadeiro esforço. O agente nos informou que todas as casas (com exceção das construidas pelo PAC, localizadas em uma área da Rua 4) foram construidas pelos próprios moradores. Será que estes mesmos moradores estão aptos a construírem casas em tamanho declive de maneira com que os habitantes da residência e também os moradores que habitam suas redondezas se mantenham de forma segura? O que vimos foi um grande aglomerado de casas, muitas em estado precário, ocupando becos sujos, escuros e úmidos. Há muito lixo acumulado e consequentemente, um mau cheiro muito forte. Há esgoto correndo a céu aberto ao lado de casas onde moram famílias que precisam conviver todos os dias com um esgoto propício a inundações e com grande quantidade de dejetos e outros materiais. Vi crianças correndo com os pés descalços dividindo o mesmo chão com ratos e baratas. Presenciei também pessoas armadas, algo muito natural neste outro "universo". Foi, de fato, uma experiência única em minha vida. Gostaria muito de voltar a Rocinha pois achei a visita de uma riqueza imensurável. O que vi também foi muito provocador, pois me colocou a pensar em diversas questões que estão ainda muito precárias no planejamento da saúde. De que adianta a implantação de UPAS, CAPS, Saúde da Família de uma estrutura exemplar se a fonte de diversas doenças continua em situação lastimável, principalmente no que diz respeito a falta de saneamento? Estamos falando da maior favela da América Latina com milhares de habitantes. Como pode um local desta grandeza viver em situações tão preocupantes? Não importa quantas clínicas sejam colocadas na comunidade, enquanto os moradores não puderem contar com condições de vida aceitáveis e HUMANAS, não haverá um bom quadro de saúde dentro do local. A missão é certamente de uma complexidade muito elevada, mas ainda assim, medidas precisam ser tomadas, caso contrário, não haverá saúde no local independente dequantas clínicas, UPAS ou CAPS estejam auxiliando a população.
A educação da população é outro pilar que mantém a saúde. Como vi em Manguinhos, o conjunto habitacional que estava sendo habitado e inaugurado há somente um ano já estava depredado e sujo em alguns pontos. Enquanto a população não tiver suporte para manter uma boa estrutura, os lugares estarão propícios a imprudência, trazendo junto dela, uma série de graves consequencias que afetam a saúde de toda a população. A saúde se mostra um campo realmente complexo e totalmente multidisciplinar, mas ainda assim não é impossível melhorarmos as condições de vida não só da população da Rocinha e de Manguinhos, mas sim generalizando a todos, com ESTRUTURAS para uma habitação digna, suporte (como já podemos contar com as unidades presentes no local) e EDUCAÇÃO.

Oficina de Postais - 25/01/11

Neste dia fomos até a prefeitura do Rio de Janeiro participar de uma oficina de postais. Os postais em questão tem como objetivo a promoção em saúde, passando importantes mensagens em postais coloridos e criativos. Já conhecia os postais desde o Congresso da Rede Unida, ocorrido em julho de 2010 em Porto Alegre, mas sem ter participado da oficina. A atividade deste dia envolveu dinâmicas e exercícios diferentes que acabaram nos entretendo e vencendo nosso cansaço.
Na primeira parte da manhã, nos apresentamos aos colegas de uma forma diferente, desenhando nosso 3X4 e escrevendo características nossas que não fossem óbvias, fazendo assim, sabermos mais curiosidades sobre nossos colegas e interagindo mais. Depois nos dividimos em duplas e cada dupla escolheu um postal e após analisá-los, passamos ao grande grupo o que o postal escolhido nos passou de mensagem. Os temas tratados nos postais eram os seguintes: medicalização, violência contra a mulher, respeito para com as outras religiões, união dos profissionais da saúde, respeito as diferenças étnicas, quebra de paradigmas e padrões em relação a cuidadores (papeis de pai/mãe),  união familiar, respeito as escolhas sexuais, entre outras.
Também assistimos a uma apresentação de slides falando um pouco mais sobre as questões de promoção em saúde. Foram nos apresentadas estratégias, exemplos e teorias de marketing como os famosos 4 P's: produto, praça, promoção e preço. Durante a apresentação, conversamos sobre diversos pontos importantes. Vimos que faltam ainda muitas políticas capazes de reduzir a vulnerabilidade da população. A Lei Seca, por exemplo, apesar de não ter a fiscalização da forma com que deveria, foi capaz de reduzir um significante número de acidentes. É necessário também comunicar-se de uma forma que o público-alvo entenda a mensagem, deixando de lado expressões clínicas, por exemplo. Em resumo, é totalmente necessário investirmos em políticas de promoção em saúde pois estas podem se mostrar eficientes na redução de uma série de quadros que podem ser evitados caso a informação seja colocada a todos de maneira correta, de preferência dinâmica, criativa e diferente.
Para finalizar, nos colocamos no papel de profissionais e escrevemos em papel pardo maneiras de promovermos os postais. Surgiram ideias como confeccionar as imagens em artesanatos, envia-los de forma gratuita, colocá-los em vitrais, entre outras. Foi um dia muito bom pois trabalhamos de uma forma agradável e divertida vendo algo tão importante que é a promoção em saúde.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

CAPS Rocinha - 24/01/11




Nesta segunda-feira fomos visitar o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) da Rocinha. Encontramos uma estrutura padronizada como as outras unidades que visitamos anteriormente. Há vários profissionais diferenciados como musicoterapeutas e oficineiros, além dos tradicionais médicos, assistentes sociais e psicólogos. Há espaços para realização de diversas atividades como oficina de artesanato, "salão" de beleza, oficina de pinturas, sala de tv (muito solicitada pelos usuários), etc. O ambiente acolhedor se reflete também na sala de consulta, que possui apenas uma mesa redonda e uma cadeira, passando a sensação de informalidade nas conversas que lá ocorrem. É realmente muito bom ver que a visão da saúde está se ampliando, colocando atividades como as que este CAPS propõe dentro das próprias unidades. Há também leitos noturnos, no qual os pacientes podem passar a noite quando for necessário, estando sob os cuidados dos profissionais. Estes leitos abrigam também pessoas eminentes a perderem suas casas ou que já as perderam. Estes leitos contém uma cama e um banheiro, permitindo privacidade e momentos de descanso ao usuário. Em conversa com um dos pacientes que circulavam pela clínica, este mesmo afirmou gostar muito do local e também que costuma escrever cartas como forma de entretenimento. Outra paciente que estava no refeitório nos disse algo realmente tocante: "aqui eu tenho carinho".



Um ponto que me chamou bastante atenção foi a realização de uma assambléia aberta, onde os usuários possuem voz para falar sobre o serviço, dando sugestões, opinando e também reclamando, se for o caso. É totalmente necessário este espaço pois assim o serviço será capaz de se ajustar conforme as necessidades da comunidade.



Após conhecermos os ambientes do CAPS tivemos uma conversa com o coordenador Thiago Piton. Entre os assuntos tratados foi discutida a necessidade de mais aberturas de CAPS 3 sendo a maioria dos CAPS cariocas, CAPS 2, totalizando entre todos o número 19. Discutimos também toda abrangência do CAPS em questão. Por se encontrar em uma comunidade onde há um significativo número de usuários de drogas, foi questionado se o local atendia a estes usuários. Foi nos dito que até poderiam atender a esta demanda, mas caso este uso não esteja associado a algum distúrbio mental, há unidades de CAPS AD no qual há maior especialização para lidar estes quadros. O que me chamou atenção negativamente na fala do coordenador foi o relato de que muitos profissionais da saúde sequer sabem sobre o que se trata o CAPS, mostrando cada vez mais que há muitos profissionais despreparados atuando no Sistema Único de Saúde.