Nesta segunda-feira fomos visitar o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) da Rocinha. Encontramos uma estrutura padronizada como as outras unidades que visitamos anteriormente. Há vários profissionais diferenciados como musicoterapeutas e oficineiros, além dos tradicionais médicos, assistentes sociais e psicólogos. Há espaços para realização de diversas atividades como oficina de artesanato, "salão" de beleza, oficina de pinturas, sala de tv (muito solicitada pelos usuários), etc. O ambiente acolhedor se reflete também na sala de consulta, que possui apenas uma mesa redonda e uma cadeira, passando a sensação de informalidade nas conversas que lá ocorrem. É realmente muito bom ver que a visão da saúde está se ampliando, colocando atividades como as que este CAPS propõe dentro das próprias unidades. Há também leitos noturnos, no qual os pacientes podem passar a noite quando for necessário, estando sob os cuidados dos profissionais. Estes leitos abrigam também pessoas eminentes a perderem suas casas ou que já as perderam. Estes leitos contém uma cama e um banheiro, permitindo privacidade e momentos de descanso ao usuário. Em conversa com um dos pacientes que circulavam pela clínica, este mesmo afirmou gostar muito do local e também que costuma escrever cartas como forma de entretenimento. Outra paciente que estava no refeitório nos disse algo realmente tocante: "aqui eu tenho carinho".
Um ponto que me chamou bastante atenção foi a realização de uma assambléia aberta, onde os usuários possuem voz para falar sobre o serviço, dando sugestões, opinando e também reclamando, se for o caso. É totalmente necessário este espaço pois assim o serviço será capaz de se ajustar conforme as necessidades da comunidade.
Após conhecermos os ambientes do CAPS tivemos uma conversa com o coordenador Thiago Piton. Entre os assuntos tratados foi discutida a necessidade de mais aberturas de CAPS 3 sendo a maioria dos CAPS cariocas, CAPS 2, totalizando entre todos o número 19. Discutimos também toda abrangência do CAPS em questão. Por se encontrar em uma comunidade onde há um significativo número de usuários de drogas, foi questionado se o local atendia a estes usuários. Foi nos dito que até poderiam atender a esta demanda, mas caso este uso não esteja associado a algum distúrbio mental, há unidades de CAPS AD no qual há maior especialização para lidar estes quadros. O que me chamou atenção negativamente na fala do coordenador foi o relato de que muitos profissionais da saúde sequer sabem sobre o que se trata o CAPS, mostrando cada vez mais que há muitos profissionais despreparados atuando no Sistema Único de Saúde.
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